Finalmente

domingo, 22 de junho de 2008

Mozart: a história parte II


Mas por fim lá encotramos um veta que trabalha aos domingos.O animal estava tão mal que até me deixaram passar à frente para ser atendida. Tinha o pêlo em muito mal estado. A principio pensámos que ele tinha sido atropelado, mas à medida que a veterinária rapava o pêlo, as feridas iam aparecendo, cada vez maiores e impressionantes: na cabeça, pescoço, enfim, no corpo todo. As feridas eram tão grandes que chegava a caber a ponta de um dedo lá dentro. Estavamos aterrorizadas. Até junto aos orgãos genitais apareciam feridas. Do esforço que fez, o Mozart ficou com uma hernia. Tinha também hematomas. Resumindo: ele tinha sido atacado, aparentementemente por mais que um cão, explicação que naquela zona tinha uma certa lógica porque é uma zona de campo, com muitas quintas com cães. Apercebemo-nos, entretanto, que o Mozart não tinha uma vista, por negligência, talvez, do antigo dono, pois se tivesse sido tratado , esta vista tinha sido salva, palavras da veterinária. Estivemos mais de duas horas lá no veterinário.
As probabilidades de sobrevivência dele eram mínimas. E foi com este prognóstico muito reservado que levamos o Mozart(na altura ainda sem nome) para casa. Andámos a perguntar na vila se alguém teria perdido um caniche, ou se viram o cãozito com alguém, naquelas bandas. Responderam-me que no Sábado anterior(estavamos a um Domingo) andava o cãozinho , desesperado, para cima e para baixo, como que perdido. Entretanto, disseram-me também que nesse dia de manhãsinha, antes de ter sido encontrado por mim, o Mozart estava junto aos caixotes do lixo já inanimado e naquela péssimo estado, e que um rapaz, pensando que era o cão perdido da irmã, o tinha levado. Como descobriu que não era, voltou a trazê-lo e pô-lo junto ao muro da minha casa, pois o Mozart não andava. É preciso destacar aqui o facto que o cão estava já nas condições atrás referidas e que é preciso ser-se muito insensível para levar um cão ferido daquela maneira para casa, e trazê-lo de volta sem lhe prestar a minima assistência ou auxílio, como se fosse um saco de lixo. Fiquei estufefacta com a revelação. O Mozart esteve mais de um mês a tratamentos e sempre sem andar. Precisava que alguém o segurasse para fazer as suas necessidades. Os buracos que ele tinha no pescoço e na cabeça eram impressionantes. Lá em casa ninguém "dava nada por ele", embora todos estivessem sensibilizados com a situação. Tenho pena de não ter imagens dele no estado em que estava para melhor documentar esta história de valentia e luta pela vida. Uma das coisas que mais me perturba é:
1- o que é que um caniche fazia sozinho, numa zona de quintas e campo.
2 -como é que um cãozito daquele tamanho, só com um olhito, sobreviveu ao ataque de cães e consegui escapar?
3 - Como é possivel a falta de sensibilidade de alguém que leva um animal neste estado para casa e não o ajuda?! Enfim... O Mozart, durante muito tempo, logo após a recuperação, passava longos momentos parado a olhar para mim, com toda a expressão num só olhito, como se tivesse concentrado ali todas as suas emoções. Com um eterno olhar de gratidão. Nessa altura, quando via a porta de um carro aberta corria imeditatamente lá para dentro, fosse quem fosse. Chegámos a passar algumas situações embaraçosas :) Adora andar de carro.
Já lá vão seis anos e o Mozart, embora esteja mais velhote, está feliz e contente. Aqui fica a história emocionante do cãozito que parece um bonequito.

1 comentário:

caniche vagabundo disse...

O Mozart é cá dos meus, se calhar até somos irmãos!!! Valente caniche, este Mozart!
Eu também fui encontrado... e também passo a vida a entrar para os carros quando têm a porta aberta, com medo que os meus donos se esqueçam de mim!

É um giraço! Gostei muito de conhecer a sua história...

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